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5 de janeiro de 2015

Spy Drones Expose Smithfield Foods Factory Farms

O porco já saiu da minha lista há muito. E o coelho, o pato... Falta a vaca, embora compre carne de vaca biológica, criada ao ar livre e nacional; depois deviam mesmo seguir-se a galinha e o peru.

É importante ter conhecimento disto. Simplesmente não sou daquelas pessoas que preferem viver na ignorância.

“Produtos de origem animal causam mais danos do que produzir minerais de construção como areia e cimento, plásticos e metais. A biomassa e plantações para alimentar animais causam tanto dano quanto queimar combustíveis fósseis”.Edgar Hertwich

COWSPIRACY

Será mais um como "O SEGREDO"?! Será que quero mesmo ver isto? E se não for capaz de aguentar a verdade?...



4 de janeiro de 2015

Entrevista a Mário Cordeiro

Uma entrevista aqui que não podem deixar de ler caros leitores. É tão "sem tirar nem por" simplesmente apaziguador e desafiante. Levanto um pouco (muito) o véu.

O “meu querido”, quando dito com sinceridade, diz-se como se fosse um nome. Relacionado com o verbo, tem que ver com desejado. “Eu quero-te”. Essa sensação de ter sido querido ou de se ser querido — amado — é um dos factores protectores maiores que a pessoa pode ter. Ter uma recordação, mesmo que no inconsciente, de uma infância em que alguém nos quis; descobrir ao longo da vida, em gestos, nos símbolos, que se foi querido (até por pessoas que já morreram, pais, avós); pensar que a nossa família, o nosso bairro, o nosso grupo de amigos não teria sido igual sem nós é muito importante.
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Há coisas que não têm de ser verbalizadas, que não são taxativas, mas que insidiosamente ficam lá. Hoje temos a ideia de que tudo tem de ser dito, quase formalizado. Outro aspecto: uma atenção exclusiva, que parece durar a vida toda, e que cabe em 15 minutos.
A minha costela epidemiologista não me deixa fazer comparações. Se hoje é melhor que antigamente. É comparar o incomparável. Estamos a falar de realidades diferentes. Mas há uma coisa que me preocupa na sociedade dita ocidental: a perda da intimidade. Não só a intimidade de um pequeno ecossistema familiar versus os sete mil milhões de habitantes do planeta. Revelar a intimidade ad nauseam, sem se saber muito bem porquê… É bom ter partes íntimas e apreciar os momentos pelos momentos.

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Não. O meu pai era asceta. Tudo o que fosse para promover a pessoa intelectualmente, nunca regateou. Tudo o que fosse extra, dizia: “Façam pela vida.” Uma vez fui pintar paredes para a International House para ganhar uns dinheiros. Passava coisas à máquina.
Sou completamente desprendido em relação ao dinheiro. Sinto que sou uma pessoa afortunada relativamente à esmagadora maioria dos portugueses. Não vou agora armar-me em falso pobre, não vou ser hipócrita. Mas o dinheiro, para mim, serve para o nosso conforto. Não consigo compreender aquelas pessoas que quanto mais têm mais querem.

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Exacto. A responsabilidade educativa é dos pais. Também não defendo que os avós deixem fazer tudo e que aproveitem para minar o caminho dos pais. Devem ajudar os pais. E aquele mínimo de valores que os pais definem, os avós têm a obrigação de respeitar.
Mas pode-se ter uma relação mais despreocupada. Até no quotidiano. Com os meus netos, não tenho de me preocupar com o que comem ao pequeno-almoço, o que almoçaram ou se vão mais tarde para a cama. Com os meus filhos, tenho.

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Telemóvel têm, mas não fui eu que dei. Não têm iPad e não têm consolas. Não vejo interesse. E é viciante. Crianças e adolescentes são seres que têm de ser generalistas, plurissensoriais. Pôr a mão na massa. Numa altura em que o mundo é cada vez mais artificial, o contacto com a natureza é fundamental. Uma das coisas que estive a fazer com o meu filho Tomás, em Outubro, foi recolher folhas, espalmá-las naqueles livros pesadíssimos, fazer colagens. Para mim, é mais engraçado, para eles, é mais engraçado.
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Não. Fui educado na religião católica até aos 17, 18 anos. Nunca fui beato, mas era católico. A determinada altura comecei a pensar que não precisava de intermediário entre mim e Deus. Acredito num desígnio cósmico na humanidade, nos mistérios da natureza, no Big Bang. A religião, nomeadamente a católica, acaba por renegar em muita coisa os princípios anunciados por Cristo. Há muitos vendilhões do templo por aí. A exclusão das mulheres da vida da Igreja, o celibato dos padres: não tem nada que ver com Cristo, são coisas que aparecem já no século XIII.
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Criou-se esse mito da criança ditadora. Nem sempre é assim. Às vezes são os pais que se antecipam ao desejo da criança. Eles dão e a criança não recusa. Dão o chocolate antes de a criança pedir. Muitas vezes nem sequer expressou o desejo: já o teve.
A educação: não é ser uma coisa difícil, é ter momentos terríveis. Momentos de dúvida. Momentos em que nós, que não somos de plástico, não sabemos lidar com a situação, não sabemos compreender o outro, em que o outro não está em estado emocional para dialogar. Finalmente, em caso de conflito de interesses e impossibilidade de consenso, é preciso impor regras. É talvez a base da educação.

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Primeira coisa, transformar conceitos abstractos, como respeito, amor, solidariedade, dignidade, rigor, que não se medem, não se pesam, em exemplos que mostram: “Ah, isto é respeito.” Cumprimentar o vizinho que vem no elevador, segurar a porta para o senhor que vai entrar, perguntar se quer ajuda para levar o saco. Perguntar se a sua mãe, que está doente, está melhor. Algumas pessoas dirão aos filhos: “Tens de respeitar a professora, o vizinho, a avó.” Mas depois não consubstanciam isto. Para crianças que aos seis, sete, oito estão na fase do concreto, que não têm ainda a fase simbólica completamente estabelecida, é difícil perceber.
A segunda coisa é ser-se muito coerente e avisar: se isto vier a acontecer, haverá aquela consequência. E explicar porquê. Outra é analisar os comportamentos e não a pessoa. É necessário que nós, enquanto pais, façamos o percurso de passar de vítimas com vontade de linchar o outro, e de humilhar, de descarregar tudo o que somos, para o estatuto de juiz que aprecia os factos. Se houve ou não houve dolo, se há atenuantes ou agravantes. Implica uma maturidade psico-afectiva muito grande. Caso contrário, estamos a dizer aos nossos filhos: “Não gostamos de ti.” Quando o que temos que dizer é: “Amo-te, mas não gostei nada do teu comportamento.”

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Não foi fácil. As relações devem durar aquilo que duram. Nem mais um minuto nem menos um minuto. Pode durar, foi o caso dos meus pais, até o meu pai morrer. E podem durar muito menos tempo. Disso sabem os intervenientes e mais ninguém. Fui aprendendo que não são os filhos que devem manter uma relação conjugal.
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É. É dar o exemplo de uma pessoa digna, solidária socialmente, um compromisso de existência em relação aos outros.

24 de dezembro de 2014


João César das Neves, in CAIS (Nº 201)
"O Natal é, de longe, a festa religiosa mais divulgada, acarinhada e solenizada em todo o mundo. Por outro lado, a festa do Natal é a mais incompreendida de todas as festas humanas. Pode até dizer-se que as celebrações natalícias constituem o maior obstáculo à verdadeira vivência do Natal.
Toda a gente sabe o que é o Natal, mas muito poucos conhecem a sua natureza profunda, aquilo que ele realmente significa. Porque, se pensarmos bem o Natal é algo terrivelmente provocador, chocante, escandaloso até. Este é o pavoroso drama do Natal: foi transformado num cromo colorido, agradável, comovedor, mas que esconde um mistério maravilhoso, que acaba omisso.
No meio das decorações e cânticos, presentes e ceias, tradições e festas de família ou emprego, não admira que a maravilha se perca. Toda a sociedade é intensamente motivada para fazer uma celebração de Natal, que acaba sempre escondendo o verdadeiro Natal. Muitos enaltecem a festa da solidariedade, a festa da família, as antigas tradições culturais, os novos hábitos comerciais. Mas até os poucos que olham para o Presépio, raramente tomam consciência do espantoso mistério que ele encerra: Deus entre nós. Deus que entra na vida de cada um de nós para a partilhar connosco. É isso o Natal.
O Natal é um acontecimento simultaneamente maravilhoso e perturbador: Deus, o Deus supremo que fez o Céu e a Terra, decidiu nascer como um bebé e viver por aqui umas dezenas de anos. Aquele que não cabe no universo, resolveu caber dentro do corpo de uma criança, para partilhar a nossa vida, exactamente como nós a vivemos.
Isto é algo que só pode ser considerado inadmissível. Qualquer tratamento minimamente equilibrado da questão, racional, religioso ou científico, rejeita-o como uma impossibilidade. No entanto trata-se do elemento mais central do Cristianismo, a doutrina mais vasta, globalizada e divulgada da história da humanidade. Nenhuma outra crença ou filosofia se atreve a dizer isto. Mas esta di-lo e di-lo com total consciência. Várias outras fés referem visitas de deuses e inspirações divinas ou elevam homens ao sublime, mas nenhuma diz que uma pessoa possa ser, como Cristo, ao mesmo tempo verdadeiro Deus, Deus único, absoluto e infinito e verdadeiro homem, como qualquer um de nós. E este facto, o elemento central da fé cristã, começa no Natal.
No entanto, se olharmos de outro modo, toda esta algazarra à volta das celebrações natalícias, de forma oculta, manifesta bem esse facto insondável. Porque neste nosso tempo tão conturbado e ambíguo, em que tantos acham que já não se respeita nada nem se prestam ouvidos aos valores, é aqui, nesta quadra, que toda a gente se esforça por ser simpática e prestável. É verdade que são poucos os que fazem com o espírito que devem, e ainda mais os que só o fazem nesta época. Mas o facto é que o fazem. E fazem-no no dia dos anos de Cristo. Podem nem saber quem Ele é, mas quase todos são bons neste dia. Porque é Natal. Em tempo tão controverso e desorientado, Jesus consegue o feito espantoso de mesmo aqueles que o desconhecem, e até aqueles que o odeiam, se esforcem por fazer aquilo que Ele queria que eles fizessem. É o maior sucesso da História!
O Natal é, de longe, a festa religiosa mais divulgada, acarinhada e solenizada em todo o mundo. As suas celebrações ressoam no coração de quase todos. Isso, de uma forma misteriosa, acaba por ser uma excelente maneira de manifestar a verdadeira vivência do Natal.

4 de dezembro de 2014

A avaliação do desempenho, de que estes rankings são espelho, premeia os que fazem certo e castiga os que fazem bem. Esclareça-se que fazer certo é venerar o dogma dos mercados e das economias de papel, enquanto fazer bem seria autonomizar as pessoas.

Santana Castilho in Público

21 de setembro de 2014

Ainda sou do tempo em que a trovoada deitava abaixo a luz da minha rua!