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6 de junho de 2011



Com 10 séculos de História, Portugal encontra-se hoje numa grande crise social e económica, como já aconteceu em vários períodos anteriores. Hoje, como ontem, a solução para a arquitetura portuguesa é emigrar. Como dizia Paul Claudel: “Le Portugal est un pays en voyage, de temps en temps il touche l’Europe”. Resta-nos a “mudança”, como quer dizer a palavra “crise” em grego. Resta-nos decifrar o significado dos dois caracteres chineses que compõem a palavra “crise”: o primeiro significa “perigo”, o segundo “oportunidade”. Em África e noutras economias emergentes não nos faltarão oportunidades, o futuro é já aí. “Trabalhar na transmutação, na transformação, na metamorfose é obra própria nossa.” (1)

Muito obrigado.
Eduardo Souto de Moura


(1)Herberto Helder, “O Corpo. O Luxo, A Obra”


É assim que devo (devemos) tentar ver as coisas, mais pelo lado positivo, pelo lado das oportunidades. sair do círculo seguro da vidinha pacata e desafiar-me. foi sempre assim que me imaginei, foi assim que me ensinaram. pensava que era mais constante que os meus pais, mais certinha, mais aprisionada às coisas. não sei se bom se mau, mas vou apercebendo-me que não sou exatamente assim. afinal, raramente estacionei, e a sementinha de mudar de casa mais de 20 vezes ou de desejar que um champô acabe para poder mudar de aroma, instalou-se em mim de uma forma diferente, que talvez não lhes tivesse sido permitido a eles, mas que me proporcionaram.

É que me aborrecem algumas hábitos da vida, não são os do dia a dia, esses sabem bem, ajudam-me a equilibrar o corpo, são as hábitos da mente, fazer sempre pelo mesmo caminho, orbicular  os pensamentos e encontrar sempre figuras fechadas e ideias aferrolhadas. preciso e gosto de saber o caminho, é a minha segurança, mas por vezes é bom virar pelo jardim e sentir o perfume da flor, em vez de ir pela papelaria. 

Trabalhar na transmutação, na transformação, na metamorfose deve ser obra própria da vida. 



3 comentários:

Calíope disse...

Adorei a citação de Paul Claudel, por acaso não sabes qual a origem da mesma, não?

Eu concordo teoricamente, pois na prática qualquer mudança apavora-me e por norma só obrigada pelas circunstâncias é que mudo... acho eu.

Pimpas disse...

A citação foi retirada do discurso de Eduardo Souto de Moura aquando da entrega do prémio Pritzker 2011, podes encontrar a totalidade do mesmo no site do Público. Mas não sei mais do que isto.

Este fim de semana estive na Alemanha e apercebi-me do pedacinho do mundo que somos o que me fez justificar algumas atitudes e comportamentos que nos são característicos.

Deixo-te com estas palavras de P. António Vieira "Para nascer, pouca terra, para morrer, toda a terra; para nascer Portugal, para morrer o mundo".

Mas se me perdoarem a indelicadeza e o abuso gostaria de as alterar um pouco e descontextualizá-las para o meu contexto: para nascer e morrer Portugal, para viver o mundo.

Calíope disse...

Obrg Mafalda! Então eu corrompo ainda mais a citação: "para nascer Portugal, para viver o mundo".
A mais de meia dúzia de anos em que vivo fora de Portugal faz-me ver o próprio e mais uma série de coisas de perspectiva diferentes. Recomendo vivamente ver as coisas do lado de fora e ter termos de comparação!