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28 de agosto de 2013

Da Verdade do Amor

Da verdade do amor se meditam
relatos de viagens confissões
e sempre excede a vida
esse segredo que tanto desdém
guarda de ser dito

pouco importa em quantas derrotas
te lançou
as dores os naufrágios escondidos
com eles aprendeste a navegação
dos oceanos gelados

não se deve explicar demasiado cedo
atrás das coisas
o seu brilho cresce
sem rumor

Suite

Talvez o que mais intensamente buscamos
o larguemos em seguida
num alheamento maior do que é habitual
o amor, o fio de aço, a curva sussurrante
que não conseguimos

Poisamos furtivamente
no rebordo de outros mundos
em comovente descoberta
com milhões de pontos de fino bordado
que se movem e resvalam
indiferentes à crueldade

José Tolentino Mendonça 

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