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20 de abril de 2011

Algo trivial

No meu anexo há uma aranha! Minto, no meu anexo havia muitas aranhas e agora há algumas, mas esta é especial. 
Tenho por princípio não matar seres vivos, a não ser em casos estritamente necessários, como acontece com as varejas que às vezes entram pela minha janela sem sequer darem os bons dias e pelas quais nutro uma espécie de nojo. Tal e qual como nos humanos, há alguns animaizinhos, perdoem-me mas só consigo dizer assim, um pouco nojentos. Engano, muito nojentos. 
Adiante, no meu anexo há uma aranha, parecida com  aqueles inquilinos que pagam uma ninharia de renda, mas mais bonita, digamos que já faz parte da mobília.  Deve ser uma aranha nórdica, nunca lhe dirigi a palavra, mas deve falar norueguês, dinamarquês ou finlandês um aranhês qualquer, mas nórdico. Reside numa casa alugada, não se dá ao luxo de se endividar nem de ostentar o que não tem, é muito poupadinha. Tem uma despensa com o indispensável e guarda, não é uma aranha possidente nunca a vi a adquirir ações ou a fazer grandes viagens nem mesmo a realizar despesas desmedidas, digamos que vive com o que tem não está cá com grandes extravagâncias. Os filhos foram para fora, vivem bem e fazem o que gostam, talvez um dia voltem para o local que os viu nascer, afinal é um anexo quentinho e ensolarado. Acho que há uma que ainda vive por lá, pelo menos foi o que ouvi dizer, deixou-se ficar, saiu debaixo das saias da mãe e com o pouco que tinha criou uma PME à qual se dedica, pelo que me parece até já exporta, consta-se que paga bem aos funcionários e que investe na formação e no crescimento. Falei com ela poucas vezes mas a primeira impressão foi boa. A verdade é que não é dada a grandes conversas e sorrisos, mas quem a conhece conta-a sensata.
Gosto desta inquilina, sei que nunca me vai deixar ficar mal, paga o que deve e gasta só o que tem, os poucos empréstimos contraídos já os saldou em tempos idos, quando ainda era nova. Foi aprimorando a sua casinha, não a descurou. Quando o azar lhe bateu à porta e veio uma varredela incompassiva ou ainda pior, um aspirador impiedoso, fez mãos à obra e em pouco tempo reergueu o pequeno império. Vive sozinha não sei que é feito do marido, contam-se muitas histórias julgo que nenhuma verdadeira, coscuvilhices de quem não tem para onde olhar ou que pensar. Enfim, desejo que ainda tenha muitos anos de vida. Pode ser que uma ocasião me diga bom dia e a convide a entrar para tomar um chazinho e comer uns scones.  

2 comentários:

Wiwia disse...

:)))

(e eu sou aracnofóbica, vê lá!)

Pimpas disse...

Wiwia, temos tanto para aprender com as aranhinhas. ;)