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15 de maio de 2014

As meninas, sentadas sobre o muro,
trazem as mãos para a roda dos vestidos:
resguardam-se do vento e, sem saber;
escondem o corpo puro da violência do
amor. Têm boquinhas frescas e vermelhas,
mas nos seus lábios arrepiados de segredos
não pousaram ainda os nomes que as
levarão ao escândalo e à loucura. Nós

já fomos assim; já passamos as mãos pelo
nada dos sentidos e pousámos beijos nas
paisagens. E agora encosta-nos o vento
ao cansaço dos muros e conhecemos apenas
línguas mortas - nomes que, se buscarmos,
teimam em chegar cada vez menos.

Maria do Rosário Pedreira, in Poesia Reunida

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