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25 de outubro de 2011

Quem morre mais depressa?

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco"
e os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite,
uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
chuva incessante,
desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!

Martha Medeiros (Obrigada Ana)

2 comentários:

Calíope disse...

É fabuloso! (não conhecia) Obrg! :)

Ana disse...

Mafaldinha, gosto muito, muito deste poema mas, sabes, o autor não é Pablo Neruda. É uma confusão comum e frequente mas, há uns tempos, quando andei à procura do poema/texto integral, li várias coisas sobre isto. Olha aqui: http://paradigmasdasletras.blogspot.com/2008/01/morte-devagar.html

Seja como for, continuo a adorar a liçãozinha que podemos aprender com ele. :)

Beijinhos