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3 de novembro de 2013

Haverá na vida coincidências?

Claudio Magris é uma verdade contundente na intencionalidade dos cruzamentos da minha vida. Cada vez mais me parece que as coincidências que vivo, ajustam-se demasiado bem umas às outras para que sejam puras eventualidades sem desígnio. Ontem, enquanto vinha da Nazaré, onde o mar literalmente se exibiu com toda a sua violência e grandeza, ouvia a Antena2, a minha estação de rádio de eleição por estes dias, e conduzia debaixo de um dilúvio até que descobri um novo pequeno mundo, o mundo de Claudio Magris. Quando liguei o rádio, Claudio Magris dizia que as pessoas importantes na nossa vida não são aquelas que partilham connosco as mesmas respostas, mas sim aquelas que partilham connosco as mesmas questões. (sorriso)
Hoje, enquanto pesquisava mais sobre este escritor deparei-me com o seguinte texto que me diz muito mais para além do facto de falar de Ulm.

«Há quem acredite em Ulm?, perguntava Céline durante a sua fuga através da Alemanha devastada. Interrogava-se, caústico e trocista, se Ulm existia ainda ou se os bombardeamentos a tinham destruído. Quando a realidade é anulada pela violência, pensá-la torna-se um acto de fé. Mas toda a realidade, a cada instante, é anulada, ainda que por felicidade nem sempre por meio da sangrenta cena das bombas de fósforo, mas antes por imperceptíveis traços, e não podemos fazer outra coisa senão acreditar que ela existe. Uma fé, vivida e mergulhada nos gestos do corpo, confere-nos a tranquila certeza vital que nos permite atravessar o mundo sem que o coração se perturbe.»

Em Danúbio, de Claudio Magris.


1 comentário:

Calíope disse...

Para a minha sanidade mental, eu tenho tentado acreditar que as coincidências são acasos. A bola foi ao poste, como poderia ter saído, como poderia ter sido golo. Calhou assim e não tem significado nenhum. Mas obviamente que não te sei responder.